Um pouco do cenário
É uma verdade que a gestão de equipe de tecnologia no contexto de um mundo contemporâneo e conectado pode ser ainda mais desafiadora, considerando que muito do que utilizamos em tarefas básicas hoje não existia há 30 anos, como Google, Facebook, ou mesmo ferramentas como Teams, WhatsApp, Office, Wi-Fi, e até o número de computadores ligados à internet ser extremamente limitado.
Entre 2015-2016, conhecida como a Nova Era enraizou-se no mundo pós-digital. Organizações começaram a se redesenhar, incorporando pessoas mais diversas, tanto jovens quanto mais velhas, além de novas tecnologias digitais, um novo contrato social e a aceleração das mudanças. Grande parte disso foi impulsionado pela velocidade da tecnologia, pelos anseios sociais e pela necessidade das empresas de pertencerem a novos grupos (BART, STEPHEN e SARVARY, 2014).
No Brasil, uma pessoa é considerada idosa a partir dos 60 anos de idade. Além disso, é apenas a partir dos 14 anos que se pode iniciar uma carreira sob o regime da CLT, através de programas para jovens aprendizes. Essas informações podem nos ajudar a desfazer mitos de que os mais velhos não podem fazer parte das organizações ou de que os jovens são imaturos demais.
Em 2017, as regras para a era digital começaram a ser reescritas, inaugurando debates sobre o futuro do trabalho, o alto volume de dados, diversidade e inclusão, aprendizagem em tempo real, entre outros tópicos. O novo formato de carreira – a chamada “carreira beta” – é não linear, focada em trilhas que oferecem mais oportunidades.
A partir de 2021, os empreendimentos sociais começaram a atravessar um mundo conturbado, com uma aceleração abrupta e um consumo elevadíssimo do digital e da digitalização, liderando a transição da sobrevivência para a prosperidade. O trabalho produtivo com a tecnologia complementa o foco no ser humano.
O gráfico abaixo traz um panorama de crescimento do consumo da internet antes e depois da pandemia:
(Fonte: G1)
Também temos dados importantes sobre a maturidade digital e a necessidade de sobrevivência das organizações:
(Fonte: Valor)
Exponencialidade e o papel do líder
Em um curso de MBA, o professor Paulo Amorim apresentou alguns termos que fazem muito sentido para o tema. O advento do mundo digital – o mundo “cisne negro”, disruptivo, multidimensional, VUCA, BANI, TUNA, entre outras definições – acelerou nossas relações, tanto com as tecnologias quanto nas interações interpessoais. Compreender essas siglas e seus impactos é crucial para liderar com eficácia e resiliência no mundo contemporâneo.
VUCA: Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade
Este conceito desafia líderes a se desenvolverem e mudarem os métodos convencionais de gestão.
- Volatilidade: Mudanças rápidas e inesperadas, como a recente pandemia que transformou radicalmente os modelos de negócio.
- Incerteza: Dificuldade em prever eventos futuros, tornando o planejamento estratégico mais desafiador.
- Complexidade: Múltiplos fatores interconectados, como a globalização e a transformação digital, que exigem uma abordagem sistêmica.
- Ambiguidade: Falta de clareza sobre significados e implicações, exigindo das lideranças uma capacidade de tomar decisões em meio à incerteza.
BANI: Frágil, Ansioso, Não-linear e Incompreensível
Caisco, do “Institute from the Future” vê o termo VUCA como insuficiente para descrever a realidade atual. Assim, BANI emerge como uma evolução conceitual:
- Frágil: Sistemas que, apesar de complexos, podem colapsar facilmente. A crise financeira de 2008 exemplifica a fragilidade dos sistemas econômicos globais.
- Ansioso: Ambientes que geram altos níveis de estresse e incerteza, impactando a saúde mental dos colaboradores e a cultura organizacional.
- Não-linear: Eventos que não seguem uma progressão previsível, como a rápida adoção de tecnologias emergentes.
- Incompreensível: Dificuldade de entendimento total, mesmo com grande quantidade de dados disponíveis.
TUNA: Turbulento, Incerto, Novo e Ambíguo
TUNA reforça talvez uma das maiores dificuldades das organizações e líderes, a necessidade de se manter inovador:
- Turbulento: Constante estado de fluxos e refluxos, como as flutuações econômicas globais.
- Incerto: Similar a VUCA, reforçando a imprevisibilidade do futuro.
- Novo: A necessidade de soluções inovadoras e criativas para novos desafios.
- Ambíguo: Ambientes onde múltiplas interpretações são possíveis, exigindo flexibilidade cognitiva.
10 tópicos importantes para serem trabalhados nos cenários
Organizações, Lideranças e Liderados:
As organizações que desejam prosperar nesses ambientes desafiadores precisam entender que esse trabalho não é feito por apenas um departamento, mas por um conjunto de líderes que disseminam a cultura para todos os liderados:
- Liderança Ágil: Líderes devem ser capazes de responder rapidamente às mudanças, adaptando estratégias conforme necessário. Fazer rápido, errar rápido, corrigir rápido.
- Inovação Contínua: A inovação deve ser parte da cultura organizacional, incentivando a experimentação e o aprendizado contínuo. Investimentos constantes em pesquisa e desenvolvimento.
- Resiliência Organizacional: Construir sistemas e culturas que possam resistir e se recuperar rapidamente de choques. Tenha planos de contingência estruturados.
- Foco no Capital Humano: Investir no bem-estar e no desenvolvimento dos colaboradores para manter um ambiente de trabalho saudável e produtivo. Este é o principal ponto em todos os negócios (people).
- Decisões Baseadas em Dados: Utilizar análises avançadas para obter insights mais profundos e tomar melhores decisões (data driven). Se você não conhece seus dados e eles não estão estruturados, a inteligência artificial não fará milagres pelo seu negócio.
- Conectar Pessoas: Não é uma tarefa fácil, especialmente com muitos times em regime híbrido ou 100% home office, mas essa conexão é essencial para que as organizações tragam valor, contexto e senso de pertencimento.
- Preparar uma Equipe de Alta Performance: Uma equipe de alto desempenho é interdependente e estável, com papéis claramente definidos e responsabilidades compartilhadas, além de confiança e valores mútuos.
- Monitoramento de Desempenho: Os indivíduos precisam saber quais são as estratégias da organização. A falta de informações claras pode desmotivar o coletivo. Estabeleça metas e reavalie-as regularmente, oferecendo feedbacks honestos e transparentes.
- Remuneração Estratégica: Não se trata apenas de quanto o indivíduo vai receber, mas da estratégia do momento. Projetos específicos, planos de carreira e contratos de curto prazo são algumas das várias formas de remuneração, ligadas à estratégia e às expectativas pessoais.
- Evitar a Síndrome do FOMO: “Fear of Missing Out” ou “medo de ficar de fora” é uma patologia psicológica relacionada à incapacidade de se atualizar no ritmo acelerado das novas tecnologias.
Conclusão:
A gestão de equipes de TI no contexto contemporâneo exige mais do que a simples implementação de novas tecnologias. Líderes precisam estar preparados para lidar com a volatilidade e incerteza do mercado, enquanto se mantêm focados no bem-estar e no desenvolvimento de suas equipes. Termos como VUCA, BANI e TUNA nos mostram que o cenário é dinâmico e desafiador, exigindo estratégias ágeis e inovadoras. As organizações que prosperarem serão aquelas que conseguirem equilibrar a necessidade de inovação com a construção de um ambiente de trabalho resiliente, humano e orientado por dados. Dessa forma, líderes e liderados poderão enfrentar juntos os desafios de um futuro cada vez mais digital, complexo e interconectado.